terça-feira, 6 de abril de 2010

Julgamento do casal Nardoni é 'aula' de Direito

      Arthur Augusto dos Santos está no quinto ano do curso de Direito e nesta semana dedica o tempo livre a uma aula extracurricular para aprender como a teoria da sala de aula funciona na prática. Pela internet, ele acompanha o julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella. "É fascinante acompanhar o embate de gigantes que atuam no caso, a qualidade dos trabalhos. Ver que o júri não se atém somente à lei, mas também à oralidade e à persuasão da promotoria e da defesa", afirma ele. Pelo twitter estudantes encontraram um atalho para seguir o passo a passo do ritual.


      O jurista Luiz Flávio Gomes está no Tribunal e, a cada intervalo, posta informações na rede. "Ele passa informações técnicas e a gente tem aula lá de dentro, além de acompanhar pela TV." Ontem, Artur dizia que já tinha sua opinião formada sobre o caso: apesar do prejulgamento da opinião pública, o futuro advogado afirma que ainda falta materialidade (provas) para condenar o casal. "E na dúvida do júri, prevalece o réu. Mas como o julgamento é feito por pessoas, não é possível arriscar o resultado." A opinião de Artur não é unânime entre os colegas, por isso, o embate segue além do tribunal.


      "A discussão é tema de todas as rodinhas na faculdade e até na sala de aula." O desembargador e professor universitário José Renato Nalini confirma que o tema está nas salas de aula e ressalta que júri popular, por maior repercussão que tenha, não representa nem 1% da atuação do Direito, mas destaca que esta é considerada uma das últimas expressões diretas da democracia, já que são homens julgando seus semelhantes. "Também acompanho o julgamento e, como cidadão, acho que todos deveriam se colocar no lugar da família", afirma. Titular da disciplina de ética e filosofia, Nalini acrescenta que a conduta do juiz do caso, Maurício Fossen, dá uma lição.



      "A conduta ética dele como juiz é irrepreensível. Ele tem se demonstrado discreto, sensato e prudente." O advogado e professor de prática jurídica Luis Carlos Branco lembra que, além dos futuros profissionais da lei, os leigos também aprendem "Direito" com a repercussão do caso. "Não podemos entrar no mérito porque não examinamos os laudos, mas o efeito da repercussão é bom para todos verem como é feita a seleção do júri, além de aprender que o juiz é um organizador, quem vai decidir são os jurados", diz ele, que adianta: "O resultado vai render ainda mais análises."



Fonte: Jornal de Jundiai 25/03/2010 - Matéria Original
ANDRÉA LAVAGNINI

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